Biografias de Alexander McQueen e Vivienne Westwood desvendam os bastidores da vida dos estilistas ingleses. Reunindo histórias fortes e polêmicas, ambas ganharam grande repercussão. 

Alexander McQueen: Blood Beneath the Skin”, escrita por Andrew Wilson, retrata a vida do designer, sua genialidade, a depressão e seu vício em drogas. Com depoimentos de parentes e amigos próximos, Andrew obteve declarações que repercutiram e chocaram o mundo. Entre elas, a de que o designer disse ao amigo Sebastian Pons que se mataria em pleno desfile atirando na cabeça. 

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O livro conta que McQueen pagou caro por uma cirurgia redutora do estômago, emagrecendo consideravelmente. Foi no meio dessas transformações físicas, em 2000, que ele veio ao Rio de Janeiro. E isso não está no livro de Andrew Wilson. Nessa época entrevistei o estilista para o Caderno ELA do jornal O Globo graças à editora de moda Isabella Blow, segunda mãe de Lee, apelido carinhoso dado pelos amigos. Encontrei-o numa casa na Joatinga, bem humorado, esbelto e pronto para aproveitar sobretudo a noite carioca.

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No Rio, pronto para a noite

O fotógrafo Guto Costa clicou McQueen com camisa xadrez, uma de suas padronagens preferidas, com o mar ao fundo. Para o encontro, Isabella me pediu que levasse penas e plumas verdadeiras de presente. Expliquei que não era possível por ser proibido no Brasil. Comprei plumas verdes e amarelas no Saara, perfumei e entreguei a ele como um buquê ao ser apresentada. Ele riu e gostou.

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Elogiou as arquitetura das favelas cariocas, admirou as borboletas e quando perguntei quem era a mulher Givenchy, respondeu prontamente: "uma mulher numa camisa de força". A temporada carioca do estilista durou pouco. Ficou apenas um dia aqui e foi embora. Aparentemente irritou-se com a equipe de produção e voltou para Londres ou talvez tenha retornado para sair da Givenchy e assinar o contrato de 
US$ 30 milhões com a Gucci, que pretendia abrir mais de 50 lojas dele no mundo.

Ele gostava de vestir mulheres mais velhas

Na entrevista que fiz com ele, McQueen já estava animado com a perspectiva de ter sua própria loja. Chegou a dizer que estava inaugurando uma em Londres e afirmou que gostava de vestir mulheres de 30, 40 anos porque já haviam passado por todos os modismos e sabiam avaliar a qualidade do que criava.

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Nessa ocasião, entretanto, segundo o livro de Andrew Wilson, a jornalista Brenda Polan definiu McQueen como o designer que odiava as mulheres por retratá-las na passarela de maneira violenta. McQueen não se defendeu mas o tempo se encarregou disso. Consideradas obras de arte, suas criações são relembradas agora numa grande exposição em Londres, no museu Victoria and Albert. Já foram vendidas mais de 70.000 entradas para a mostra, batizada de “Beleza Selvagem", ou o “emotivo retorno à casa”, nas palavras do diretor do museu, Martin Roth.

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Considerada a maior exposição de moda que já aconteceu no local, ela poderá ser vista até 2 de agosto. A obsessão pela natureza, o trabalho artesanal, marcas registradas do estilista, estão retratados na retrospectiva, que logo nas primeiras salas exibe as qualidades técnicas de McQueen, adquiridas como aprendiz em Savile Row, a rua dos melhores alfaiates de Londres. Talento que evoluiu no corte preciso das curvas e silhuetas exageradas, características inconfundíveis de um gênio capaz de revolucionar a alfaiataria. 

O lado selvagem de sua própria personalidade, descoberto na biografia, não foi esquecido e está documentado de maneira poética numa sala repleta de manequins com máscaras de couro e vestidos gótico-vitorianos.

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Vivienne Westwood acusada de plagiar a própria biografia

Escrito em parceria com Ian Kelly, renomado biógrafo e amigo pessoal, Vivienne Westwood reuniu suas memórias de vida e carreira em autobiografia. O livro conta não só suas historias mas traz fotos e ilustrações do seu universo e na capa uma foto feita por Juergen Teller, fotógrafo responsável pelas últimas campanhas da marca.

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“Os vivos merecem respeito; os mortos merecem a verdade”, declarou Westwood, que se propõe a contar tudo, desde a época em que era professora primária até se tornar um dos mais famosos nomes da moda. “Ian e eu estamos trabalhando juntos nisso. Será a minha história como ninguém nunca fez antes", garantiu.

O ineditismo do trabalho, entretanto, está sendo questionado. O autor do livro “The look: Adventures in Rock and Pop Fashion”, Paul Gorman, afirma que identificou 40 passagens suas que não foram creditadas a ele no novo livro da estilista. O caso foi parar na justiça e o autor está processando Vivienne, Ian e a editora.

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