Later bloomer. A expressão quer dizer "alguém que desabrocha mais tarde do que o usual". As vitrines da loja de departamentos inglesa Selfridges são dedicadas, nesse início de 2015, ao trabalho dos BOTs (Bright Old Things), traduzindo: a 14 pessoas que mostraram que nunca é tarde para recomeçar e arrasar!
A campanha foi na contramão do que sempre se faz: começar o ano falando de jovens talentos, novas tops, estrelas ascendentes, Bright Young things, (coisas jovens e brilhantes) capazes de moldar nossos gostos na arte, no consumo e no estilo de vida. Os 14 personagens selecionados mudaram suas carreiras mais tarde na vida, optando pela arte e pela moda num momento em que muitos já estão se despedindo do ardor fashion ou criativo.
Quem começou a apostar nos BOTs foi a marca Céline, com a escritora americana Joan Didion como estrela de sua campanha. Didion escreveu nove romances e oito livros de ficção. O último, "O ano do pensamento mágico" fala de seu casamento com o escritor John Gregory Dunne, no ano seguinte à sua morte.
Julia Roberts, aos 47 anos, também foi escolhida para ser musa de Givenchy. A Selfridges apenas segue um movimento que começou em 2010 com o fotógrafo Ari Seth Cohen e seu blog, seguido pelo documentário "Fabulous Fashionistas", mostrando o guarda-roupa de seis mulheres na faixa dos 80. Iris Apfel ganhou status de ícone aos 90 anos, surgindo recentemente em outro documentário, dirigido por Albert Maysles.
A economia prateada ganha força segundo relatório do Merrill Lynch
Charlotte Rampling (68), Helen Mirren (69), Diane Keaton (69) e Joan Didion (80) além das vovós da campanha de Dolce & Gabbana mostram que longevidade e estilo formam uma boa dupla na hora de vender. O relatório "A revolução da longevidade", feito em 2014 pelo Bank of America Merrill Lynch, mostra que a economia prateada ganha força. Enquanto isso, o mundo da moda insiste em perseguir quase cegamente o ideal da juventude, esquecendo que seus líderes, como Anna Wintour, Karl Lagerfeld e outros, estão acima dos 60.
Sue Kreitzman: 'não use bege, isso pode matar você'
Sue Kreitzman, 75, uma das escolhidas pela Selfridges, uma escritora de livros de cozinha que se tornou artista, tem um lema: “Não use bege, isso pode matar você." Ela se refere à falta de opção para os mais velhos. Ela faz as próprias roupas e pede aos amigos artistas para customizá-las.
