Quinze dias depois das Torres Gêmeas terem sido bombardeadas, ainda sob o choque do que acontecera, Lucia Guinle pensou: "o mundo vai acabar e eu faço joia, algo tão supérfluo!". Reflexão bruscamente interrompida pelo telefone e por uma voz angustiada do outro lado da linha: "preciso de uma constelação de brilhantes". "Amanhã?", propôs Lucia. "Não, agora!". Assim começaram a nascer as arrudas milimetricamente esculpidas pela designer.

A agonia da cliente, que precisava de uma constelação de brilhantes, tinha uma razão. "A irmã estava no Pentágono, na mira dos terroristas. Decidi então: se o mundo não acabar vou fazer amuletos. Fui à feira, comprei arrudas de verdade para servirem de modelo. Comecei a vender as peças em 2015, exibindo-as numa vitrine sobre sal grosso", conta.

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As arrudas de Lúcia têm uma delicadeza digna de miniaturista (aquele artista que pinta ou esculpe cada detalhe com muita perfeição). Perfeição aliás é marca registrada do seu trabalho, que também surpreende pela beleza dos vasos esculpidos e lapidados em pedras.

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"Tive a ideia dos vasos quando fazia maçanetas em pedras para o Claudio Bernardes e o Cecedo (Paulo Jacobsen, sócio de Claudio). A novidade foi lançada em 1997 na feira Metro Quadrado. A partir daí resolvi fazer os vasos. Nessa época, entretanto, os chineses começaram a comprar nossas jazidas e as lapidações fecharam.

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Recentemente Lucia Guinle retomou o trabalho com um artesão. "Ano passado, a Vera Duvivier pediu à filha que buscasse um colar de ônix comigo. A filha, Alix Duvernoy, stylist da 'Vogue', adorou o vaso e ele foi parar na revista, nessa foto bárbara feita por Vicente de Paulo".

Fotos de Marina Ribas. Produção de Bruno Guinle. Encomendas: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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