Ele foi dadaísta até a raiz dos cabelos na década de 20 com o pseudônimo de Jan Bloomfield , expondo seus quadros na galeria Van Lier, em Amsterdã. Através de Cecil Beaton passou a fotografar moda para a "Vogue" francesa. Durante dois anos ficou preso num campo de concentração mas conseguiu chegar aos Estados Unidos através de Marselha. Experimental e genial, revolucionou a fotografia e a propaganda inspirando até hoje os fotógrafos. "Blumenfeld Studio: New York 1941- 1960" é a exposição que chega ao Brasil falando de Erwin Blumenfeld, com curadoria de Nadia Blumenfeld, sua neta, e co-curadoria de Danniel Rangel. Na FAAP, de 28 de outubro de 2014 a 18 de janeiro de 2015.

O maior mérito de Blumenfeld, segundo Danniel Rangel, co-curador da exposição, foi o fato dele ter sido o único dadaísta a sair dos museus e chegar nas bancas de revistas e nas casas. "Uma de suas marcas era fotografar a modelo atrás de um vidro canelado. Mert and Marcus repetiram o estilo na capa do álbum da Madonna. Nos anos 40, Blumenfeld chegou a ser o fotógrafo mais bem pago", conta Danniel.

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As experiências
 de Blumenfeld com a imagem só evidenciam, para Danniel, como hoje tudo é careta, comercial e clean. "Não estamos apresentando as colagens dadaístas expostas no Jeu de Paume, em Paris, mas os trabalhos feitos em Nova York, quando ele levou o surrealismo para as revistas. No Youtube, você encontra vídeos experimentais dele, como 'Beauty in motion'", indica Danniel.
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Inovador, Erwin Blumenfeld desenvolveu seu próprio estilo usando fotomontagem, solarização, slides coloridos e técnicas híbridas. Sua maior inspiração vinha da arte e preferia ser visto mais como artista de vanguarda do que como fotógrafo de moda. Ele partia da história da arte para fazer seu trabalho.
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Em 1937, aos 41 anos, assinou um contrato de um ano com a "Vogue". Em 1939, uma de suas fotos mais famosas foi da modelo Lisa Fonssagrives na Torre Eiffel vestindo um modelo de Lucien Lelong. Para uma capa da "Vogue" americana, baseou-se em "Moça com brinco de pérola, de Veermer, e em "Um bar no Folies-Bergère", de Manet, ao fotografar um editorial da "Harper's Bazaar", em 1941. Em 2012, para lançar o batom Rouge Allure, da Chanel, o fotógrafo norueguês Solve Sundsbo e Karl Lagerfeld fizeram uma homenagem a Blumenfeld inspirado-se na famosa capa do fotógrafo para a "Vogue" em 1950.

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"O convite da exposição é baseado numa das capas que ele fez para a 'Vogue' sobre a Cruz Vermelha", conta Danniel, lembrando que acaba de ser lançado um livro da Marella Agnelli, que foi assistente do Blumenfeld durante 18 meses na "Vogue" antes de se casar com Gianni Agnelli. "Marella Agnelli, o último cisne", da editora Rizzoli, tem várias fotos de Blumenfeld. Erwin Blumenfeld trabalhou até o início dos anos 60 quando fez sua autobiografia "Eye to I". Morreu em Roma em 1969 aos 72 anos.

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Há 14 anos vivendo entre Paris, Brasil e Estados Unidos, Danniel Rangel estudou Artes Decorativas em Paris e hoje trabalha como art advisor, montando coleções de arte contemporânea e fotografia para clientes. Um de seus sonhos é montar uma exposição LA/Rio de Janeiro, mostrando a semelhança das duas cidades. "A Califórnia tem um link forte com o Rio de Janeiro. O cinema, a praia, o culto ao corpo. Nossa Hollywood seria a TV Globo. Eles têm Charles Eames, e nós, Tenreiro, Sérgio Rodrigues e Niemeyer", diz Danniel, que em março de 2015 lança "Os Instantes Chanel", de 1954 a 1970, com 130 fotos de Willy Rizzo, o fotógrafo preferido de Chanel mostrando os bastidores da criação, sua batalha para voltar ao mercado da moda e a aplaudida coleção de 1959. A apresentação do livro será de Vera Valdez, modelo e amiga de Coco Chanel.

daniel e nadja

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