No último dia 23 Maria Lucia Cautiero Horta Jardim, mulher do candidato Luiz Fernando de Souza, o Pezão, recebeu dos empresários da moda do Rio de Janeiro um documento com várias reivindicações do setor para os próximos quatro anos. Entre elas, a retomada do Fashion Business no calendário de moda carioca. Apaixonada por artesanato, gastronomia e moda, apontada como braço direito de Pezão, no evento, ela substituiu o marido com firmeza e elegância no vestido rosa da estilista Andrea Marques com colar de Monica Pondé. "Adorei ir porque gosto de moda e gosto de ver o estado crescer", disse Maria Lucia, que achou as reivindicações justas e já encaminhou o documento. 

As contas coloridas de argila do colar têm o charme de quem gosta de usar coisas nossas. Maria Lúcia adora artesanato e em Piraí, onde foi secretária da fazenda durante sete gestões, o barro se transformou em arte e sustento no Condomínio da arte, um centro de artesanato que funciona desde 1998. No apartamento de paredes brancas, localizado num condomínio da Rua Pinheiro Machado, de onde dá para ir a pé para o Palácio, peças artesanais de barro convivem com porta-retratos de Maria Lúcia com Pezão, da família e um deles registrando o encontro do casal com o Papa Francisco.
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Artesanato tem a ver com turismo

Cabelos curtos, sorriso acolhedor, Maria Lúcia 
recebe com macadâmias, produto nobre de Piraí. "Olha essa carteira, que coisa linda! Foi comprada numa loja em Paraty. É de papel reciclado", mostra, trazendo outra carteira bordada com tucanos coloridos da Brígida. "Estou com mil planos na cabeça", conta Maria Lúcia, para quem artesanato tem muito a ver com turismo. "O turista chega na nossa cidade e quer comprar o que é nosso. E se você tem um artesanato de qualidade, vende. Já é a minha visão de secretária de fazenda: valorizar um produto da terra, gerando emprego e renda. Por mais que eu goste de artesanato também tenho a preocupação de como vamos vendê-lo".

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'Oriento tudo no estilo do Pezão, porque ele é um perigo'

Maria Lúcia não é vítima da moda. "Gosto de estar adequada", diz. É guardiã do visual do marido. "Oriento tudo no estilo do Pezão, porque ele é um perigo. Se deixar
solto você não imagina o que pode acontecer. Já deixo a roupa pendurada para ele vestir. Ele gosta de camisa branca, calça azul marinho, calça cáqui, blazer e polo branca e azul marinho", revela.

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No documento que os empresários da moda _ entre eles Julio Dahis, da Enjoy, Isio Speiski, do Grupo Sacada, Roberto Jatahy, do Grupo Animale, Tommy Simon, da Cantão e
Redley, Ari Svartsnaider, da Mr. Cat _ entregaram a Maria Lúcia, existem, segundo ela, dois tipos de reivindicação: "o pleito 1 é sobre carga tributária, dirigido à Secretaria de Fazenda. E o outro, sobre desenvolvimento econômico. Gosto de moda e gosto de ver o estado crescer. Já protocolei um para o Pezão, encaminhei um para Secretaria de Fazenda e outro para Desenvolvimento"

Documento da moda carioca pede retomada do Fashion Business

Para ela são reivindicações justas e merecem ser apoiadas. "No documento, o setor pede também a retomada do Fashion Business", conta. "A
doro roupa da Huis Clos, que é de São Paulo, mas quando se pensa em moda no Brasil é o Rio que vem à cabeça. Li rapidamente o documento mas já tomei as medidas para avançar", garantiu, lembrando que nesse governo houve a redução de ICMS para 2,5%, na lei criada pelo deputado André Corrêa, na foto acima de camisa azul ao lado dela.
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Projetos: um museu da cachaça e um mercado

Um dos sonhos de Maria Lúcia é criar um mercado inspirado no São Miguel, de Madri, e um museu da cachaça. "É um projeto voltado para o Estado do Rio", explica. "A macadâmia de Piraí é ótima, vai estar lá. O chuvisco de
Campos é ótimo, vai estar lá também assim como os produtos de cada região. Teríamos também um espaço de capacitação para valorizar os sub chefs, aqueles que trabalham com nomes famosos e ainda não são muito conhecidos", diz Maria Lúcia, que se orgulha do Piraí Fest, um festival gastronômico, que acontece dias 18 e 19 de outubro baseado na Tilápia e na macadâmia.

Qual o local do mercado? "Meu sonho seria ao lado do Albamar, na Praça XV mas a gente sabe que é difícil. Se o museu e o mercado ficassem perto poderiam ter um espaço único de capacitação, um viabilizaria o outro", explica Maria Lúcia, empolgada com a carta de cachaças, feita com cachaças do Rio de Janeiro.

Ideia foi da sommelier Daisy Novakowski

"O museu, no entanto, terá cachaças de todo o Brasil.
 Não é só porque eu gosto de cachaça não mas porque cachaça é outra divisa do estado. O maior concurso do mundo acontece em Bruxelas e temos cachaças do Rio com Selo Ouro como a Cachaça da Quinta, feita no Carmo, a São Miguel, de Quissamã, e outras. O projeto todo do museu foi da sommelier Daisy Novakowski. Eu só abracei a ideia", diz Maria Lúcia, para quem a combinação perfeita é lichia com São Miguel, que é envelhecida em barris de cerejeira, dica da sommelier Daisy.
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Nascida em Belo Horizonte, família de Juiz de Fora, Maria Lúcia não perde a oportunidade de ir a Tiradentes. "Há 23 anos que vou a Tiradentes três vezes ao ano. Ano passado viajei a Diamantina e adorei. Minha alma mineira não
morre. As montanhas de Minas seduzem", diz Maria Lúcia, que tem um apelido em Piraí, Biluca.

Biluca por que? "Meu irmão me chamava de Bilu e um amigo meu falou: Bilu pode ser homem ou mulher. Você vai ser biluca e virei
biluca. Lá em Piraí todo mundo me chama de Biluca".

Abaixo da linha do Equador só Piraí

Um dos maiores orgulhos de Biluca é o Piraí Digital. "Emociona porque foi transformador e a gente está falando aqui de 1997, quando fizemos um plano diretor de informática
, uma ousadia numa cidade de 25 mil habitantes. Em final de 97, montamos um grande laboratório para treinar todos os funcionários e isso fez uma diferença. A prefeitura deu um salto quando capacitamos todo mundo. Você leva a internet à criança na zona rural e põe a criança no mundo. E Pezão tinha fascínio por isso. Hoje todas as crianças na escola pública têm um laptop. A cidade tem wifi nas praças. Ganhamos um prêmio, "Cidades mais inteligentes do mundo", que diz “Abaixo da linha do Equador só Piraí”.

Sobre o aborto e o Programa Novo Cidadão

Presidente de honra do Rio Solidário, Maria Lúcia criou o Programa Novo Cidadão, que dá aos recém-nascidos na maternidade certidão de nascimento e carteira de identidade. Sobre as mortes que tem ocorrido como resultado de abortos clandestinos, ela diz: "é
 muito difícil apontar um caminho porque tem a essência do ser humano e não dá para julgar. Hoje você tem remédio de graça nos postos de saúde e eu não sei o que acontece. Tem programa de planejamento familiar só que ele é muito difícil, o marido tem que ir e a maioria das mulheres está separada. Cabe ao estado investir mais na divulgação do planejamento familiar, fazer campanha nas escolas". 

Cidade grande facilita a exclusão

Maria Lúcia acha que a cidade grande facilita mais a exclusão. "Outro dia uma amiga me
perguntou: 'Piraí não tem pobre então?' Respondi: tem, mas o pobre vai na escola, no hospital, em tudo. O filho do lixeiro já foi em não sei quantos países com a escola de ginástica olímpica, continua sendo filho do lixeiro, mas o menino tem acesso, oportunidade. Não ter oportunidade é muito triste".
 
Fotos de Juliana Morais e Antonio Kampffe/ AK Press

 

 

 

 

 

 

 

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