Antes de Cindy Sherman, John Baldessari e Anne Collier, Robert Heinecken foi um artista pioneiro em usar e abusar da fotografia em suas obras. Olha só o que ele fez com as apresentadoras da TV americana na instalação "Waking up in News America" no MIS, em São Paulo, até 12 de abril.
Em setembro de 2014, quem foi ao desfile de Saint Laurent recebeu de Hedi Slimane, criador da marca, um livro de Robert Heinecken com vários nus, feitos com montagens de fotos nos anos 60. O artista vem sendo redescoberto e teve retrospectiva de sua obra em março do ano passado no MoMA, em Nova York, e em outubro no Hammer Museum, em Los Angeles. "Waking up in News America" foi exibida pela primeira vez fora dos Estados Unidos na Bienal da Coreia e pela segunda vez no No Brasil.
Danniel Rangel, curador da mostra, conheceu Robert Heinecken em Paris, em 2002, através de uma amiga. "Na instalação com as apresentadoras de TV, ele fotografa essas mulheres de maneira dadaísta e em 1986 já mostra o poder da televisão em nossas vidas. É uma obra muito contemporânea e explora nossa obsessão pelo consumo da imagem", conta Danniel, que pretende fazer uma série de exposições no Brasil sobre californianos talentosos.
Influenciado pelas revistas e pelos jornais, Heinecken era um grafista. "Costumava ir bem cedo às bancas de jornais, comprava 'Vogue', 'Playboy' e várias outras revistas, ia para casa, recortava e misturava tudo em colagens geniais, voltava para a banca de jornal e colocava a revista lá de novo. Quem comprava uma 'Vogue' ou uma 'Playboy', levava um susto na ocasião", conta Danniel, que teve o patrocínio da Sky. "Um link ideal. Agora imagina o que ele faria hoje com o Instagram."
Robert Heinecken morreu em 2006. Ele montou o departamento de fotografia nas Universidades da Califórnia e de Seattle. Segundo Danniel, uma de suas obras mais interessantes é também 'Lessons imposing subjects", colagens feitas a partir dos catálogos que chegavam nas casas dos americanos.
Veja abaixo a série de nus que inspirou Hedi Slimane:
