Cabeças lembrando esqueletos de dinossauro entraram na passarela do Inverno 2018 da Comme des Garçons em Paris. Foi assim que a designer Rei Kawakubo traduziu as transformações que têm sacudido o universo masculino, bombardeado por denúncias de assédio e mulheres indignadas.


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Homens são monstros?

Ao contrário do título sensacionalista da W “Paris Fashion Week confirma: homens são monstros”, ilustrado pela foto do desfile de Kawakubo, se olharmos bem, os dinossauros da Comme des Garçons são delicados, verdadeiras obras de arte de Shimoda Masakatsu. Na verdade Kawakubo incentiva seus meninos a brincar e a sonhar com arte.

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O fim do macho alfa e o equilíbrio entre yin e yang

Ela usa com poesia a fixação dos meninos nos monstros pré-históricos e desenha na passarela um novo homem. Uma pessoa que se despede do dinossáurico macho alfa para caminhar na leveza do branco e dos azuis em formas oversize, cabelos presos em rabos de cavalo, procurando, como dizia minha amiga Cristina Franco, o equilíbrio perfeito entre o yin e o yang.

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Jovem solteiro procura mas tem medo de assediar

Muito além das formas e cores, vários desfiles exorcizam os fantasmas e fantasias que pairam sobre a masculinidade em cheque. Se por um lado, na vida real, os rapazes caminham num mundo crivado por denúncias de assédio, reivindicações justas de salários iguais para homens e mulheres, por outro, como agir? Um amigo meu, solteiro, jovem, trabalhador, culto, bom papo, se interessou por uma colega de trabalho mas não tem coragem de se aproximar. “Só dá se ela sair da empresa”, disse.

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Até Zélia acha que foi assediada por Cabral

Nas mídias sociais, as vozes femininas se ampliam, crivando toda e qualquer voz masculina que, de leve, seja considerada machista. Estamos hoje, afogados numa gigantesca DR (antes mesmo de haver qualquer R) onde a mulher abusa do direito de se sentir oprimida, ofendida e assediada. Até a Zélia Cardoso de Mello acha que sofreu assédio do Bernardo Cabral. Como diria o psicanalista, MD Magno: “o jeito é esperar o sintoma esgotar”.

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Sadomasô com humor e o caminho da conciliação

Máscaras de látex de cachorro em Julien David, estilo sadomasô com impermeáveis cobertos de glory holes e a palavra Pig brotando das estampas em Walter Van Beirendonck discutem em desfile os dilemas e chavões de um macho em crise.
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Talvez a resposta esteja na conciliadora coleção de Ann Demeulemeester, que mostrou rapazes e moças em looks parecidos, vestidos em românticos casacos, camisas brancas desconstruídas e botas, inspirados no artista William Blake.

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