No novo luxo mais do que preço e ostentação o fundamental é saber a origem do que consumimos. A aparência e o look importam tanto quanto o seu processo produtivo. Cada vez mais consumidores querem saber como foi feito o que estão comprando. Para garantir essa transparência, a tecnologia blockchain, o sistema descentralizado de informação por trás do sucesso do Bitcoin e da maioria das criptomoedas, é o ovo de colombo.

Depois do sucesso do Bitcoin, a tecnologia blockchain aplicada à moda

Blockchain (traduzindo literalmente, corrente de blocos) é uma rede espalhada por vários computadores. No caso de criptomoedas como o Bitcoin, essa rede registra o envio e recebimento de valores. A descentralização no armazenamento dessas informações torna difícilimo a fraude e a eliminação das operações.

No dia 22 de maio de 2010, Laszlo Hanyecz comprou duas pizzas por 10 mil Bitcoins. Foi a primeira vez que se comprou um produto real usando a criptomoeda sem nenhuma outra instituição intermediária, nenhum cartão de crédito ou arranjo de pagamento. Convertendo, hoje essas duas pizzas custariam aproximadamente R$ 235 milhões.

O telefone escaneia o QRcode da etiqueta revelando a história do produto

A tecnologia blockchain chega ao mundo da moda através da Transparent Company, agência de inovação do London College of Fashion, criada por Neliana Fuenmayor, em parceria com a Provenance (desenvolvedora da rede).

Fragile, coleção cápsula de Martine Jarlgaard, primeira a usar o blockchain na transparência
O primeiro resultado da parceria foi apresentado em maio de 2017 por Martine Jarlgaard no Copenhagen Fashion Summit, o maior evento de moda sustentável do mundo. A designer mostrou a coleção cápsula Fragile: A State of Emergency feita de alpaca orgânica inglesa. As peças vinham acompanhadas de etiquetas com um QRcode que, escaneado por um celular, forneciam a história de toda a cadeia produtiva por trás da coleção.
Escaneando a etiqueta da coleção de Martine Jarlgaard você chega às alpacas de Weekfield que têm nome de James Bond e Skyfall

Quem comprar a coleção, ao escanear a etiqueta, viajará pela história do produto, chegando à fazenda Weekfield, no Parque Nacional de Exmoor, na Inglaterra, onde as alpacas têm nomes como James Bond ou Skyfall. Nomes que aparecem também na ficha técnica da roupa.

Neliana Fuenmayor, da Transparent Company

Neliana fez uma palestra na Casa Firjan explicando a importância da transparência na história de cada marca. Reuniu num workshop vários convidados, entre eles, Lilly Clark, estilista e especialista em moda sustentável, a chef Flávia Quaresma, Andre Carvalhal, da Alhma, e outros. 

Neliana fez um workshop na Casa Firjan sobre blockchain e transparência

De maneira descentralizada, a rede blockchain confirma que uma grife não usa trabalho escravo, não polui o meio ambiente e nem maltrata os animais. Um trabalho que só foi possível graças ao blockchain da Provenance, que tem hoje entre seus maiores clientes as empresas do setor de alimentos.

Só para exemplificar como é importante a origem do que consumimos: em abril de 2013, segundo a BBC, 50 mil toneladas de carne vendidas como de boi continham DNA de cavalo. Através do blockchain, a Provenance tem rastreado a pesca de atum na Indonésia, onde mais de 60 milhões de pessoas vivem em comunidades costeiras tirando seu sustento do mar.

Blockchain ajuda a rastrear a pesca do atum da costa ao prato

Pesca predatória, fraude, trabalho escravo em barcos filipinos de maior porte que atropelam a pesca de linha com a técnica do cerco, violência, tudo isso acontece por trás do atum que chegou à sua mesa e que agora começa a ser rastreado pelo blockchain. 

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