A princesa Diana, Susan Sarandon, Judi Dench e Sarah Ferguson já se apaixonaram pelas joias de Kim Poor, que traduzem em materiais preciosos um mundo feito de pégasos, cavalos marinhos e lendas. Artista plástica e designer, Kim apresenta suas joias a partir do dia 2 de dezembro na Casa Cor.

 
No coração do Horto, pertinho de Beatriz Milhazes, da galeria H.A.P e da artista Gabriela Machado, o novo atelier de Kim acaba de ficar pronto e aparece aqui junto com a artista, fotografados por Frederico Mendes. O Bougainville florido, uma fonte e o fiel e britânico companheiro Billy Budis garantem a paz e o charme do lugar para a criação. É lá que Kim tem trabalhado em suas novas pinturas. "Várias joias que faço, como os pégasos e os cavalos marinhos, surgiram dos meus desenhos. O anel Pégaso baseou-se num desenho que fiz para o Gênesis. A pulseira com cavalos marinhos, símbolo do amor, também", conta Kim, que criou as capas para a banda inglesa.

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Na Casa Cor, ela apresenta três coleções. "Artwear, com mini-esculturas misturando pérolas, turquesas e safiras. Num mundo cada vez mais globalizado, ofereço ao cliente a joia-portrait, com pedras e materiais de acordo com sua personalidade. Acho que as pedras escolhem as pessoas", conta Kim Poor, que tem preferência pela pedra-da-lua azul. "É como se ela tivesse vários mundos dentro dela. Adoro a safira estrela, com uma luz mágica que explode em constelações. Quando é azul é uma loucura. Gosto também do olho-de-tigre, que está sempre em movimento".

A segunda coleção da artista é a lúdica, com as peças ligadas ao trabalho na pintura. "A terceira coleção tem uma identidade vintage, um lado europeu com muita pérola, rubi e esmeralda", conta Kim, que adora criar a partir de broches, anéis vitorianos e peças garimpadas nos mercados de antiguidades da Europa. 

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Kim conheceu a princesa Diana quando a mãe foi operada no Brompton Hospital, em Chelsea, pelo Doutor Hasnat Khan, por quem Diana era apaixonada. "Na ocasião ela comprou uma água marinha em forma de coração", conta Kim, que até hoje tem uma caixa de esmaltes que ganhou de presente. Judi Dench, por exemplo, sempre ia nos lançamentos de coleção no Claridge, onde Kim Poor teve uma loja durante vários anos, mudando-se depois para Belgravia, na Elizabeth Street.

"Lá meus vizinhos eram o chapeleiro Philip Treacy, a editora de moda Isabella Blow e muita gente bacana", lembra Kim, que estudou arte na Parsons School, em Nova York, e na Central School of Art, em Londres. Na década de 1970, Salvador Dali, ao visitar sua exposição na Soho Gallery, ficou perplexo com a técnica peculiar de pintura que funde pó de vidro em chapa de aço e a batizou de “Diafanismo”, termo incorporado ao terceira edição de Dicionário Oxford.

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Suas telas já foram expostas em galerias e museus de diversas cidades do mundo, como Rio, Nova Iorque, Londres e Atenas e estão em importantes coleções particulares, como a de Paul McCartney, Rothschild etc. Kim Poor está entre os quatro nomes brasileiros citados no livro “ArToday”, de Edward Lucie-Smith, pela Editora Phaedon, uma bíblia entre os colecionadores de arte. 

"Essa técnica com pó de vidro e pigmento", explica a artista, "acabou pesando muito na minha saúde pois no começo eu não usava máscara. Já venho pintando com óleo há três ou quatro anos na Inglaterra. Quando me propus a voltar para o Brasil encontrei uma paz que há muito tempo não tinha para pintar".

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 Ela define sua arte como dark, "onde o belo se mistura com o horror, os dois convivem no mesmo espaço", diz Kim, que gosta da arte com a aparência de inacabada de uma escultura de Rodin ou dos Escravos, de Michelangelo. "Obras que deixam um espaço para o espectador participar". Em 1997, ela fez uma de suas exposições mais famosas no Museu de Arte Moderna: "Lendas da Amazônia".

Fã da arte de Joãosinho Trinta, e da pintura urbana de Os Gêmeos, Kim tem vários projetos, entre eles, uma exposição no final do ano que vem com as capas criadas para o Gênesis. Ela foi casada com Steve Hackett e dessa época, entre muitas histórias, lembra de quando Peter Gabriel saiu da banda e todos, muito desapontados diante de um futuro incerto, começaram a fazer testes para escolher o novo vocalista.

"Resolveram pedir ao Phil Collins, que na ocasião era o baterista, para cantar. Ele cantou e depois me deu uma carona. Preocupado, disse que não se sentia preparado para aceitar ser vocalista. Não tenho voz, dizia, e eu (imagine só) procurei incentivá-lo, dar uma força. Sua voz é um espetáculo! Quem te viu, quem te vê", diz Kim.

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Ela foi várias vezes à Factory de Andy Warhol. "Não tinha noção da importância que aquele movimento teria no futuro. Albino, Warhol parecia um ET. Foi a mão mais gelada que já apertei. Era uma pessoa incrível, quase não falava mas tinha um poder enorme de influenciar quem estava em volta", lembra Kim, para quem, o luxo de hoje é o tempo e a paz.

FOTOS: FREDERICO MENDES

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