De 1971 a 1975 Chico Mascarenhas trabalhou como fotógrafo da revista Manchete em Paris. As imagens viraram a exposição, "Por acaso" no Studio 512, com curadoria de Milton Guran. De Nikon ou Leica em punho, ele fotografou a Revolução dos Cravos em 1974 em Portugal, fez um roteiro em Corleone, Palermo, por causa do filme "O poderoso Chefão", de Coppola, fotografou Sartre, as manifestações que aconteceram depois de 1968 em Paris. "A fotografia tem muito do acaso, de você estar ali na hora e conseguir fazer uma foto que nem sonhava em fazer".

guardaarvore

"Fui na cara e na coragem ao escritório da 'Manchete' em Lisboa. O diretor
era o Claudio Mello e Souza, que estava indo para Paris para reformular a sucursal. Ele pediu que eu e o Pedro Pinheiro Guimarães o procurássemos em janeiro. Fizemos umas matérias que foram aprovadas. Eu fotografei um bairro que hoje está super na moda mas na época estava bem degradado, Belleville, para cima da Bastille. Era um bairro de artesãos de couro e tecido. Pedro escolheu o Marché aux Puces. Fomos aceitos e começamos a trabalhar", lembra Chico.

A foto da menina escondida atrás da árvore, segundo Chico, só foi possível quando de repente surgiu um guarda acendendo um cachimbo.

manifestacao

Chico cobriu as manifestações que aconteceram depois de 1968 pedindo o fim da guerra do Vietnam. Para conseguir a imagem do padre teve que fotografar por baixo das pernas do policial.

padre

Ele acompanhou a volta do Perón para a Argentina. "Antes, em Paris, ele deu uma entrevista no Plaza Athenée. Fui expulso da sala pelo Lopez Rega, eminência parda dele. O Peron tinha um cacoete de piscar o olho. Para pegar o cacoete fiz muitas fotos. Consegui mas fui expulso", lembra Chico, que mostrou essa imagem em outra exposição, "Olhares sobrepostos".

cravos

Uma das fotos mais bonitas de Chico Mascarenhas é este homem (abaixo) carregando feno, que não gostou da câmera. 

fenoportugal 

"Em Corleone, na Itália, tinha uma tinha uma praça com velhinhos todos de preto e colete. Parecia a Máfia mesmo. A primeira loja da cidade era uma loja de armas", lembra Chico.

Sartre, Paris. Foto: Chico Mascarenhas

Quando saiu da sucursal, Chico ficou mais dois anos fotografando sozinho. "Minha filha mais velha nasceu em Paris. A rotina era ir para o escritório da 'Manchete', perto do Champs Elysées, um luxo. Quando não se tinha nada para fazer, saíamos a pé fotografando", lembra Chico, que na volta ao Brasil chegou a fotografar um catálogo para Alice Tapajós.

autoretrato

A exposição faz uma homenagem a Tintim, mulher de Chico. Em 1981, ele abriu o restaurante Guimas. 

 tintim

 

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